quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

E o ontem morreu...

“Faça um favor ao mundo, pare de cortar seus braços e corte sua garganta...”

Estava tão dispersa com a vida, nada mais lhe agradava. Era falta de compreensão misturado com raiva, com ódio, sofrimento, desilusão. Era falta de vontade pra seguir em frente, por não mais ver resultados nas coisas, era o querer morrer. Nada era como já foi...

Não agüentava a pressão, queria sumir e esquecer, esquecer aquelas coisas que martelavam-lhe a cabeça. Estava ficando louca, precisava de um tempo para descobrir o seu “eu”, mas aquilo era muito mais difícil do que se imaginava.

Tudo dando errado, pessimismo predominava sua mente, seu corpo, seu coração...
As coisas eram assim, e ela já não conseguia mais ter forças e seguir. Perdeu tudo, perdeu inclusive sua personalidade. Parecia que as coisas eram como água suja, que escorria da calha e caia no esgoto. Era assim, e a tristeza estava inclusa nisso.

Noite vazia, vento frio, janela aberta, lagrimas “despindo” seus olhos... Maquiagem borrada, cabelo despenteado... Enrolava-se na toalha para uma longa noite, seu banho a esperava, e ela já tinha em mente o que fazer para acabar com tudo, literalmente.

Gotas cristalinas saiam dos minúsculos buraquinhos do chuveiro, a água quente deixava o banheiro cheio de vapor, parecendo assim, que ela estava no céu, dentre as nuvens...
Pegou uma gilete, e fixou seus olhos nele. Não mais piscou, parecia que só havia ele agora junto dela naquele lugar.
Uma leva calmaria predominava-lhe, todas as coisas já estavam distantes e ela parou de se preocupar com o que estava dando errado. Olhos fundos... Seu sangue pingava no chão como goteiras.

Havia ela feito a coisa certa?

Por mais que fosse duro, ela conseguiu se libertar. O fim foi a sua solução. Fez o que achou certo, sem temer... E encontrou o caminho pra eternidade, para a sua eternidade.

Um comentário:

  1. O pessimismo fez com que Schopenhauer delineasse o Nirvana. Foi nesse paradgma que o filósofo encontrou uma inserção inédita numa filosofia que estava se consumindo com o fim da Idade Média. Assim também, de modo bem menos sugestivo veio Nietzsche e a anulação de tudo e a criação de novos valores.
    Esse texto lembra bem essa transição que ocorreu entre esses dois pensadores.

    Parabéns.

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